Análises

Portal 2

– Com novos quebra-cabeças e duas campanhas excelentes, “Portal 2” expande experiência inovadora do original –

Em 2007 a Valve revolucionava o mercado ao lançar “Portal” (em uma coletânea com outros quatro games chamada The Orange Box – mais tarde uma expansão, Portal: Still Alive, seria lançada na rede XBLA), um jogo em primeira pessoa que misturava ação e quebra-cabeças complexos de forma genial, que consistiam de uma série de enigmas que deviam ser solucionados ao teletransportar a personagem principal, Chell, contra as armadilhas ardilosas de GLaDOS, uma inteligência artifificial que monitora e direciona o jogador durante a aventura (e uma das vilãs presentes em nosso Top 10 Vilãs, confira).

A física incomum dos cenários e o conceito totalmente original e criativo garantiram à “Portal” um lugar de destaque nos jogos modernos, mesmo apesar de sua curta duração. 4 anos depois, a Valve nos presenteia com a sua sequência, com um enredo ainda mais sombrio e humorístico, cenários maiores e mais desafiantes e claro, a volta de GLaDOS, que mesmo sem possuir uma forma feminina, rouba todo o show com sua voz eletrônica (dublada pela cantora Ellen McLain) e sarcasmo irreverente.

O retorno dos Portais

Assim como o antecessor, “Portal 2” tem como principal característica o uso de uma arma que cria portais de teletransporte e desafios que exigem raciocínio lógico do jogador, em uma perspectiva de primeira pessoa, como a dos tradicionais jogos de tiro e ação. Com novas áreas e câmeras de testes no laboratório Aperture Science, a jovem heroína Chell também retorna para ser infernizada por GLaDOS mais uma vez.

Com ambientes mais extensos, quebra-cabeças ainda mais complexos e com um maior número de interação, o jogo oferece no mínimo uma experiência que vai durar o dobro de tempo da primeira aventura (que não era muito). Viajar através dos portais mantém a velocidade da personagem ou de objetos que passam por ele, fator esse muito importante na resolução de vários enigmas, em que é necessário o “lançamento” de objetos em pontos específicos. Vários elementos foram adicionados na mecânica do jogo para deixar as coisas ainda mais complexas, como o Tractor Beam, um raio que carrega a personagem e objetos através do ar, válvulas pneumáticas que sugam inimigos, raios lasers e substâncias coloridas que permitem pular mais alto e rebater nas paredes como uma bola de ping-pong.

O jogo conta com uma ênfase maior na história, que mostra a aparente destruição de GLaDOS no final do primeiro game, mas ela continua funcional, porém em estado dormente. Chell também ficou em estase por vários anos, o que resulta em uma drástica mudança nos ambientes dos laboratórios Aperture Science. Chell é acordada pelo ser robótico chamado Wheatley (dublado divinamente pelo comediante Stephen Merchant), que auxilia a personagem a escapar (mais uma vez) do laboratório.

Wheatley é um dos grandes destaques do game, responsável por boa parte do senso de humor afiado do jogo, além claro, de ajudar a heroína a abrir portais, acionar alavancas e acessar informações importantes das áreas a serem exploradas. Os dois acabam encontrando GLaDOS dormente e acidentalmente a acordam (que não gostou nada de ser ‘assassinada’ anos atrás), e então recomeça a reconstruir as instalações em ruínas e coloca Chell em mais testes, afirmando que “eu acho que podemos colocar nossas diferenças de lado. Pela ciência. Seu monstro”.

Além de Wheatley, o jogo conta com a presença do presidente e fundador da Aperture Science, Cave Johnson (dublado pelo ator J.K. Simmons, o J. Jonah Jameson da trilogia de filmes “Homem-Aranha”), que vai ajudar a revelar o passado do sinistro laboratório. Basicamente o jogo continua o mesmo, posicione dois portais em pontos estratégicos, atravesse-os (ou objetos) para conseguir chegar em outras câmaras de testes. Os quebra-cabeças estão bem mais complicados e oferecem uma boa dose de desafio e raciocínio lógico, além de uma variedade de possibilidades e resoluções, e ao mesmo tempo sem se tornar demasiadamente frustrante (pode demorar, mas você acaba descobrindo as soluções, que são sempre sensatas). E apesar de não ser um FPS tradicional, ele tem os seus momentos em que Chell deverá ajustar sua mira e acertar alvos distantes com precisão.

Além da campanha solo, há também um modo cooperativo para dois jogadores estrelado por dois robôs de forte personalidade (e recheados de um incrível humor para entreter os jogadores durante a aventura). Cada robô utiliza sua arma de portais, ou seja, até quatro portais podem ser criados na resolução de novos quebra-cabeças (que estão bem mais complexos e desafiantes). Trabalhar em conjunto é fundamental, então tente não competir com os outros jogadores, apesar de GLaDOS tentar regularmente colocar um contra o outro em competições mais acirradas. Graficamente, “Portal 2” também se mostra superior ao seu antecessor, apesar de não impressionar tanto como outros jogos atuais no mercado, mas ele chama a atenção pelas sutilezas e riqueza de detalhes em seus cenários e áreas. Um design artístico extremamente criativo e original, com cenários, cores, animações e tudo mais que aparece na tela que parecem fazer parte de todo um complexo, o que na verdade é o que ocorre, já que tudo é uma extensão física e da personalidade de GLaDOS.

O jogo conta com cerca de 8-10 horas de jogatina, mas claro que isso varia muito da rapidez do jogador em solucionar os quebra-cabeças. Acho que o único defeito do game é que depois de terminado, ele não oferece muitos atrativos para ser jogado novamente. Poderia haver alguns extras interessantes para serem desbloqueados e assim incentivar o jogador a se aventurar nele mais de uma vez.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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